............ Procuradora
do Estado e Doutoranda em Direito pela Universidade de São Paulo, Patrícia
Helena Massa Arzabe é autora do artigo Pobreza, Exclusão Social e
Direitos Humanos: O Papel do Estado, publicado pela Rede de Direitos
Humanos e Cultura, organização nacional com ramificações pelos estados
brasileiros. Patrícia também é autora de obras publicadas em institutos de
renome nacional e internacional, tais como, Instituto Polis- SP e JusBrasil.
............ Pautado
por indagações acerca da caracterização da pobreza, da exclusão social e do
acesso e exercício de direitos, o referido artigo busca analisar o papel do
Estado brasileiro na perpetuação da desigualdade e na garantia do livre
exercício das premissas democráticas. Relativizando no tempo e espaço os
percentuais das pessoas mais pobres e das mais ricas, dentre as principais
capitais do país, questiona a atuação governamental que, ora atua para a
implementação de políticas e projetos que beneficiam agentes econômicos, ora
para a projeção da imagem de um país pobre, dependente da solidariedade
internacional, que se faz meio de doações ou financiamentos a custo reduzido.
............ Ao
abordar o tema pobreza, a autora destaca que tal definição não deve ser
reduzida a falta ou insuficiência de renda, mas como a inadequação dos meios
econômicos de uma pessoa para realizar-se na sociedade na qual está inserida.
Não obstante, discorre sobre exclusão social, expressão que ganhou destaque na
década de 80, quando de sua utilização para designar as novas feições da
pobreza. Na leitura da autora, as escolhas econômicas de um Estado também
contribuem para a destituição de direitos.
............ Mencionado
a Constituição Federal, faz refletir o papel dos sistemas jurídicos na proteção
contra todas as formas de destituição de direitos. Discute, apoiada na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, dentre outros instrumentos
jurídicos, a importância da inclusão social para a erradicação das causas
geradoras da desigualdade. Segundo a autora, pobreza e exclusão não constituem
um bem, motivo de desejo na sociedade. Por esta razão, configura-se como dever
ético combatê-los, da mesma forma que, os mecanismos geradores destas
situações.
............ Por fim,
conclui que o desenvolvimento de políticas públicas eficientes e não
assistencialistas – tendo em vista a mudança de paradigma do Estado na
perpetuação da desigualdade– perpassará o reconhecimento das funções do Estado
na produção e gerenciamento da pobreza.
............ Dentre as
fontes de apoio para a produção deste artigo destaca-se Economie
sociale: quel pari? de Geneviève Azan (1999), Pobreza y
vulnerabilidad de José Bengoa (1996) e Critica del derecho en
Francia: de la búsqueda de una teoría materialista del derecho al estudio
crítico de la regulación jurídica de Antonie Jeammaud (1986), entre
outras.
............ Dialogando
com as reflexões da autora, considera-se de suma importância o destaque dado ao
fato de a pobreza, nas diferentes feições que assume, produzir reflexos na
dinâmica política do país. O texto traz indicadores de pobreza, para os quais
chamam atenção, uma vez que, não são atuais. Lê-los hoje, de forma
descontextualizada, soa estranho: falta em seu bojo os avanços escalonados
durante os treze anos da gestão do Partido dos Trabalhadores a frente do
governo federal.
............ Considerado
por críticos de diferentes setores a gestão que melhor atuou na distribuição de
renda, remodelagem da pirâmide econômica e desconstrução da imagem de
miserabilidade impressa no cenário internacional (sem excluir as críticas ao
modo de condução da referida gestão) consolidou importantes avanços na garantia
de direitos sociais, econômicos, culturais, políticos, etc. Longe de
devotar o status de pobreza e exclusão estritamente a falha do Estado em
promover o bem-estar social, assume papel estratégico evidenciar a contribuição
estatal nessa ação. Seguindo o curso internacional, o capitalismo brasileiro também
tem suas instituições e contratos de circulação mercantil, protegidos.
............ Recursos
que, originalmente deveriam servir à promoção da cidadania a pleno título, são
destinados ao estabelecimento de parques industriais, formação de mão-de-obra,
subsídios fiscais, entre outros. Por essa razão, a autora faz-se muito feliz ao
afirmar que pobreza e exclusão não surgem de forma espontânea; são fruto da
desigualdade econômica que impera em nossa sociedade e que, por sua vez,
tencionam as relações entre pessoas e grupos. Nessa condição, o Estado
coloca-se como mantenedor dessa sistemática, contudo, não se propõe a
construção de um sistema econômico paralelo ao capitalista, mas uma adequação
em suas práticas distributivas. O permanente estado de exclusão social em que
vivia e ainda vive parcela da população brasileira, não é compatível com a
ideia de democracia.
............ Uma vez
reconhecido o papel indutor do Estado na perpetuação das relações que
reproduzem a pobreza, torna-se menos penosa a elaboração e implementação de
políticas de redução da pobreza e, consequente desigualdade.
............ Em tempo,
a leitura deste artigo é recomendada a toda e qualquer pessoa interessada em
aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto. Todavia, sugiro que profissionais
e acadêmicos de serviço social também o leiam, uma vez que, se trata de um
texto que estimula a problematização e crítica social, à luz da realidade
brasileira. Sou Pâmela Ieda Muniz, acadêmica de Serviço Social pelo Centro
Universitário Internacional.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Massa Arzabe, Patricia H, Pobreza, Exclusão Social e Direitos Humanos: O Papel do Estado. Rede de Direitos Humanos e Cultura. Acessado em: http://www.dhnet.org.br/direitos/dhesc/phelena.html, 05/12/2016.